Por Antônio Carlos Vieira
Quando
terminei meu curso de Licenciatura, na Universidade Federal de
Sergipe, não fiquei aguardando muito tempo para assumir uma sala de
aula. Alias, antes mesmo de receber o Diploma, já estava aprovada no
concurso da Secretaria d Educação do Estado – SE, juntamente com
mais alguns colegas.
Ao chegar
no colégio onde fui lecionar, pela primeira vez, tinha uma chamada
Equipe pedagógica. Essa equipe tinha entre tantas tarefas: a)
acompanhar as cadernetas do professores; b) fazer levantamentos dos
alunos (frequência e notas), assinatura das aulas dadas; c)
acompanhamentos das avaliações no sentido de observarem o grau de
dificuldades, organização e entendimento do que estava sendo
avaliado (isso ajudava muito o professor) e d) eram responsáveis
pelas atividades extraclasses, etc. Eram formadas por pedagogas e
professores com um certo grau de experiência em sala de aula. Isso
durou três anos e foi o único colégio que via essa equipe montada
e que funcionava!!!
Posteriormente,
esse equipe foi substituída por pedagoga(o)s e foi justamente neste
período onde comecei os meus primeiros questionamentos referente a
esses profissionais. Eles passaram a orientar e escolher os
professores que eram considerados bons ou ruins, passaram a solicitar
trabalhos para ajudarem os alunos (dar um jeitinho), questionar
quando algum aluno era convidado a sair da sala de aula e as vezes em
pleno decorrer da aulas, passaram a interferir, para fazer algum
anuncio sem a devida permissão do professor. O principal
questionamento em relações a esses novos profissionais é se ele já
tinham passado em uma sala de aula para fiarem solicitando tais
medidas? Ele não gostavam muito e vinham com explicações de
teorias e mais teorias que aprenderam na Universidade. Essas
solicitações sempre iam de encontro aos chamados fundamentos para
se ter uma boa condução em sala de aula e a opinião do professor,
geralmente, não era levada em consideração!!!
Neste
período apareceu as chamadas Avaliação do Ensino Público (na
prática somente os professores!!!). Essas avaliações premiavam os
chamados bons professores, tinham alguns critérios definidos e os
melhores avaliados recebiam um bônus. Além da desconfiança dos
professores das brechas de manipulação dos resultados, para
vereficiar que poderia ou não receber essas bonificações, tinha o
agravante dos critérios serem iguais para todos, em todos o níveis
e turnos. Nesta avaliação, os professores do turno noturno jamais
conseguiram boas notas, portanto, jamais foram e nunca seriam
bonificados. Um dos critérios da avaliação era o grau de evasão e
reprovação dos alunos. Pra quem já ensinou a noite, sabe que a
evasão e reprovação são altíssimos em decorrência de muitos
alunos se matricularem para terem direito ao Passe Escolar e
praticamente não apareciam nas aulas (evasão garantida) e tinha o
inconveniente para o professor não passar por ruim, fazer de tudo, para não ter um grande números de reprovados e as vezes acontecia
de alunos não terem os requisitos necessários para a aprovação
serem aprovados porque o professor não aparacer como ruim netas
avaliações!!
No atual
governo reapareceu a tal Avaliação do Ensino Público. Eu não
diria que é somente uma avaliação!!! Uma avaliação seria somente
avaliar a Educação Atual nos critérios que elas foram criadas e
esta nova avaliação vem com novos critérios e o professor que não
se ajustar nesses novos critérios serão considerados insuficientes
(ruim com outro nome), ou seja, essa nova chamada avaliação cria
critérios de como o professor deve conduzir a aula. O professor que
não se ajustar aos novos critérios sera considerado insuficiente
(ruim).
Antigamente
tínhamos pedagogos dizendo como os professores deveriam conduzir as
aulas e avalizar os alunos, agora apareceram consultores e
economistas ditando normas de como o professor deva lecionar!!!
O
interessante é que além dessas consultórias, também tem os chamados pacotes
(clique aqui) e projetos de todos as espécies que são colocados nas escolas e as decisões são tomadas pela
secretarias (decisões feitas geralmente por políticos), esses pacotes já vem prontos do MEC ou alguma ONG tipo Fundação Aírton Sena, e os professores que vivem e
convivem em sala de aula, que são realmente quem conhece os
problemas existentes na educação, nunca são consultados!!!! Essas
decisões são tomadas de cima pra baixo e quando os problemas
aparecem são os de baixo (professores) os únicos que são
responsabilizados pela má qualidade do ensino.
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