sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Educação de Supermercado I

Por Antônio Carlos Vieira

Supermercado Boa Educação!!!
Onde se aprende  melhor  e mais barato.
Quando ainda era estudante a estrutura da educação pública e particular era muito diferente do que existe nos dias atuais. Naquela época só existia o chamado Ensino Regular. Alias, nem se usava esse nome, já que era o único modelo existente. Da época que era aluno, até o dia atual (26/10/2011), foram aparecendo algumas mudanças interessantes.

No início, quando algum aluno não estava no mesmos nível que os demais colegas da mesma série, como por exemplo: enquanto a maioria já sabia ler sem soletrar as palavras e algum aluno estava fora deste padrão, ele era aconselhado a fazer banca e ter uma atenção maior dos professores, para que no final do ano ele passasse a ler sem a necessidade de soletrar as palavras. É claro que naquela época não existia tantos alunos por sala de aula e os professores tinham tempo de corrigir individualmente cada atividade dos alunos. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Avaliação ou normas de enquadramento!!!


Por Antônio Carlos Vieira

Quando terminei meu curso de Licenciatura, na Universidade Federal de Sergipe, não fiquei aguardando muito tempo para assumir uma sala de aula. Alias, antes mesmo de receber o Diploma, já estava aprovada no concurso da Secretaria d Educação do Estado – SE, juntamente com mais alguns colegas.

Ao chegar no colégio onde fui lecionar, pela primeira vez, tinha uma chamada Equipe pedagógica. Essa equipe tinha entre tantas tarefas: a) acompanhar as cadernetas do professores; b) fazer levantamentos dos alunos (frequência e notas), assinatura das aulas dadas; c) acompanhamentos das avaliações no sentido de observarem o grau de dificuldades, organização e entendimento do que estava sendo avaliado (isso ajudava muito o professor) e d) eram responsáveis pelas atividades extraclasses, etc. Eram formadas por pedagogas e professores com um certo grau de experiência em sala de aula. Isso durou três anos e foi o único colégio que via essa equipe montada e que funcionava!!!

Posteriormente, esse equipe foi substituída por pedagoga(o)s e foi justamente neste período onde comecei os meus primeiros questionamentos referente a esses profissionais. Eles passaram a orientar e escolher os professores que eram considerados bons ou ruins, passaram a solicitar trabalhos para ajudarem os alunos (dar um jeitinho), questionar quando algum aluno era convidado a sair da sala de aula e as vezes em pleno decorrer da aulas, passaram a interferir, para fazer algum anuncio sem a devida permissão do professor. O principal questionamento em relações a esses novos profissionais é se ele já tinham passado em uma sala de aula para fiarem solicitando tais medidas? Ele não gostavam muito e vinham com explicações de teorias e mais teorias que aprenderam na Universidade. Essas solicitações sempre iam de encontro aos chamados fundamentos para se ter uma boa condução em sala de aula e a opinião do professor, geralmente, não era levada em consideração!!!

Neste período apareceu as chamadas Avaliação do Ensino Público (na prática somente os professores!!!). Essas avaliações premiavam os chamados bons professores, tinham alguns critérios definidos e os melhores avaliados recebiam um bônus. Além da desconfiança dos professores das brechas de manipulação dos resultados, para vereficiar que poderia ou não receber essas bonificações, tinha o agravante dos critérios serem iguais para todos, em todos o níveis e turnos. Nesta avaliação, os professores do turno noturno jamais conseguiram boas notas, portanto, jamais foram e nunca seriam bonificados. Um dos critérios da avaliação era o grau de evasão e reprovação dos alunos. Pra quem já ensinou a noite, sabe que a evasão e reprovação são altíssimos em decorrência de muitos alunos se matricularem para terem direito ao Passe Escolar e praticamente não apareciam nas aulas (evasão garantida) e tinha o inconveniente para o professor não passar por ruim, fazer de tudo, para não ter um grande números de reprovados e as vezes acontecia de alunos não terem os requisitos necessários para a aprovação serem aprovados porque o professor não aparacer como ruim netas avaliações!!

No atual governo reapareceu a tal Avaliação do Ensino Público. Eu não diria que é somente uma avaliação!!! Uma avaliação seria somente avaliar a Educação Atual nos critérios que elas foram criadas e esta nova avaliação vem com novos critérios e o professor que não se ajustar nesses novos critérios serão considerados insuficientes (ruim com outro nome), ou seja, essa nova chamada avaliação cria critérios de como o professor deve conduzir a aula. O professor que não se ajustar aos novos critérios sera considerado insuficiente (ruim).

Antigamente tínhamos pedagogos dizendo como os professores deveriam conduzir as aulas e avalizar os alunos, agora apareceram consultores e economistas ditando normas de como o professor deva lecionar!!!

O interessante é que além dessas consultórias, também tem os chamados pacotes (clique aqui) e projetos de todos as espécies que são colocados nas escolas e as decisões são tomadas pela secretarias (decisões feitas geralmente por políticos), esses pacotes já vem prontos do MEC ou alguma ONG tipo Fundação Aírton Sena, e os professores que vivem e convivem em sala de aula, que são realmente quem conhece os problemas existentes na educação, nunca são consultados!!!! Essas decisões são tomadas de cima pra baixo e quando os problemas aparecem são os de baixo (professores) os únicos que são responsabilizados pela má qualidade do ensino.

Textos relacionados:
Analisando a Grade Curricular
O Professor e a mais Valia
O Professor Cigano
Para que são usadas as avaliações educacionais?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Procurando a Superioridade (atualizado)

Por Antônio Carlos Vieira

Neste final de semana estava eu no Shopping Center (Central de Vendas) e tomei um susto ao parar em frente a uma loja de vender roupas. Em cima de um tabuleiro com diversas camisas da "POOL" tinha uma tabuleta escrita “TO SALLES”. Um adolescente (aparentando uns 16 anos de idade) olhou e falou: engraçado, antigamente quando se vendia um produto se colocava a tabuleta escrito “VENDIDO”, no produto, e agora se escreve o nome do comprador!!!! Resolvi dar uma volta e encontrei uma outra loja que também vendia roupas, na entrada tinha um cartaz com a seguinte propaganda “use xxx é FASHION é moda” (traduzindo daria "Use xxx é MODA é MODA" !!!!!). Se for relacionar os nomes das lojas escritos em Inglês ou Francês iria ficar muito extenso!!!

Foi então que passei a lembrar de alguns causos (atualmente se usa a palavra CASOS): quando foi aprovado e regulamentado a Lei sobre as Centrais de Atendimento Telefônico, no dia seguinte, eu estava passando em frente a um bar e escutei durante o Jornal Nacional (Rede Globo) : foi regulamentada a lei das “CALL CENTER” (se pronuncia Cou center)!!! Outro fato de foi o Jornal O Globo OnLine, e até mesmo na campanha pra presidente,  se escrever o nome do Brasil escrito desta maneira BRAZIL!!! Onde trabalho esta em andamento a organização de um “WORK SHOP” (amostra de trabalhos)!!!


Em uma conversa que tive com uma professora, de Inglês, eu perguntei :por que se comemorava o “HALLOWEEN” (Dias das Bruxas) em algumas escola particulares do Brasil? Ela me respondeu que precisamos conhecer outras culturas pra melhorar a nossa (cultura)!!! Então eu tornei a perguntar: e para conhecer as outras culturas é necessário se comemorar os dias festivos dessas outras culturas? Para um professor de Geografia perguntei :porque, cada vez mais, as pessoas estão incorporando tantas palavras inglesas ao nosso vocabulários? Ele me respondeu que as pessoas estão ficando mais inteligente e estão tentando aprender um idioma que seja mais fácil (eu não concordo com isso). Então ironizei fazendo outra pergunta: quer dizer que o sujeito pra se achar mais inteligente tenta aprender um idioma mais fácil? E tornei a perguntar: misturar os dois idiomas não irá tornar a coisa ainda mais difícil? Nós dois casos, dos professores, percebi que ambos deram uma respostas tentando esconder que valorizam mais o que os pessoas de outros países fazem do que nós próprios brasileiros fazemos e pensamos.
Adesivo utilizado nas eleições presidenciais do Brasil
Na minha opinião os principais fatores que as pessoas se utilizam de tantas palavra de idiomas estrangeiros (principalmente o Inglês) se dá pelos motivos:

a) por que acha que é bonito.

b) se sentem inferiorizado e por isso tentam falar e imitar costumes de países, do chamado Primeiro Mundo pensando, pensando que irão se tornar um cidadão mais superior (o tal problema do complexo de inferioridade do povo brasileiro).

c) a influências dos sistemas de informática, onde a grande maioria dos sistemas de informação e manuais utilizados são escritos, na sua grande maioria, em inglês.


Depois de se chamado de chato (várias vezes) e ter escrito esses texto também chato, só tenho a dizer até (aqui no Nordeste ainda se utiliza o inté) ou deveria dizer BYE BYE?
Depois de muito tempo encontrei este vídeo de um baiano chateado:



Texto relacionado:

TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os inimigos da escola


por Túlio Muniz*
Foi  aprova do STF e se não fosse?
Muita coisa não fecha nos cálculos posteriores ao massacre da PM contra os professores ocorrido na Assembléia Legislativa do Ceará na última semana de outubro. Aos fervorosos defensores do “patrimônio público” cabe lembrar que não se registrou perda ou sumiço de nenhum bem material. E soa nonsense a nota da AL publicada em jornais locais, alegando necessidade de “defesa da integridade física” dos parlamentares, quando nenhum deles chegou a ficar em risco. Se algo gerou violência foi a antecipação dos dirigentes ao requerer proteção policial antes de  ocorrer  a “ameaça” real.
Quanto aos relatos jornalísticos, foram unilaterais na narrativa, a começar por desconsider que, na primeira fila de contato entre professores e policiais, a desvantagem física era evidente para os primeiros. Os Batalhões de Choque não são famosos pela diplomacia ou delicadeza. Faltaram, portanto, narrativas jornalísticas de um dos lados da trincheira, falha que as muitas imagens do evento trataram de corrigir. Mas faltou, sobretudo investigação sobre ações correlatas, como o grau de insatisfação de outras categorias do funcionalismo público, pois o que reivindicam os professores – manter um plano de carreiras decente e uniforme – também é um problema para os policiais. Terá havido, por exemplo casos de policiais que se recusaram a ir ao confronto naquele dia, em solidariedade às manifestações? Perguntas inquietantes não foram feitas aos comandos e tampouco aos políticos que endossaram a ação.
Também não se considera como “patrimônio público” o corpo oprimido de professoras e professores, o que remete a reconsiderar a questão dos Direitos Humanos. Terá razão Deleuze, em seu Abecedário?
Afirma ele: ” A respeito dos Direitos Humanos, tenho vontade de dizer um monte de coisas feias (…).É conversa para intelectuais odiosos, intelectuais sem ideia. Notem que essas Declarações dos Direitos Humanos não são feitas pelas pessoas diretamente envolvidas(…).Todas as abominações que o homem sofreu são casos e não desmentidos de direitos abstratos. São casos abomináveis”.
Afinal, o resultado final, agressão aos manifestantes juntos aos quais todos devíamos estar (o magistério público de nível superior tem salários congelados há cerca de seis anos e faltam professores), foi uma barbaridade a manchar os currículos dos gestores públicos que a legitimaram. Muitos destes perfilavam-se ao lado dos grevistas até muito recentemente, em busca de seus votos, e não hesitavam em casos de “violação” de patrimônio público. Os hábitos mudam aos monges?
De resto, o confronto foi parar na Web e na mídia internacional. O que leva certamente a questionamentos sobre um “país rico” onde professores são agredidos com violência por reivindicarem um salário mínimo que, hoje, seria inferior a 800 dólares. O valor é ridículo para quem tem o compromisso e a responsabilidade de cuidar das crianças e adolescentes pobres, claro, pois as classes média e alta mantêm seus filhos na rede privada, pagando por um ensino muitas vezes de qualidade duvidosa (o mesmo ocorre em relação à Saúde) enquanto reclama de impostos e do “radicalismo” dos servidores públicos.
Uma das grandes contradições no pós-ditadura militar é a degradação do ensino público dos níveis básico, fundamental e médio. A desvalorização da carreira do magistério é resultado desse descomprometimento do Estado em relação a uma obrigação sua, a manutenção de um serviço de qualidade, ofertado por pessoas qualificadas, salvaguardadas e, sobretudo,  felizes, e não uns pobres coitados mutilados pela insalubridade e pela precariedade profissional. Discursos elaborados a partir desta perspectiva podem levar à reflexão e correção dessas prolongadas distorções.

*Túlio Muniz, é jornalista profissional, historiador, doutor pela Universidade de Coimbra, Portugal, e professor (temporário) da Universidade Federal do Ceará.
Leia e veja: