sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Professores rejeitam nomeação de Cláudia Costin para o MEC

publicado em 22 de novembro de 2012 às 23:40

Aloizio Mercadante chamou Cláudia para dirigir a Secretaria de Educação Básica do MEC. Fotos: Agência Brasil

Apesar de muito criticada por sua visão neoliberal e privatizante, a atual secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, foi convidada pelo ministro Aloizio Mercadante para assumir a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

Importantes setores da Pedagogia no País estão profundamente preocupados com a nomeação de Costin, que foi ministra da Administração no governo Fernando Henrique Cardoso, esteve ligada ao desmonte do Estado brasileiro, além de ter sido diretora da Fundação Victor Civita, do Grupo Abril/Veja.

Por isso, pesquisadores, professores, estudantes e suas entidades representativas lançaram o abaixo-assinado Cláudia Costim, não! Ele é destinado ao ministro Mercadante, aos Sindicatos da Educação, Escolas Municipais, Estaduais e Federais, Universidades Públicas, Entidades Acadêmicas. Segue o texto do manifesto, que já tem mais de 3 mil assinaturas.

CLÁUDIA COSTIN, NÃO!

A privatização do ensino público, a fragmentação do trabalho docente, a perda da autonomia dos professores, a submissão estrita aos cânones neoliberais têm sido implementados por Cláudia Costin à frente da Secretaria Municipal da Educação na cidade do Rio de Janeiro.

Seu autoritarismo didático e de conteúdos, prescritos em cadernos e apostilas, emanado das orientações dos organismos internacionais ampliam o abandono da educação básica da grande maioria da população, historicamente relegada à carência de escolas e, mais recentemente, à desqualificação da educação nas escolas existentes. Além disso, no Rio de Janeiro, professores, gestores e funcionários têm sido alvo de aliciação pecuniária, os bônus financeiros, através de remuneração extraordinária pelo desempenho dos alunos, traduzido em um percentual de aprovação de alunos nas turmas e no conjunto da unidade escolar, como compensação aos baixos salários.

Não por caso, quando Ministra da Administração Federal e Reforma do Estado no governo FHC, foi uma das responsáveis pela idealização e implementação do desmonte do Estado, incluindo-se aí as privatizações ou a venda do país e a quebra da estabilidade dos servidores públicos.

Se confirmada Cláudia Costin à frente da Secretaria de Educação Básica, é esperada a descaracterização da educação fundamental e média com o apagamento do professor e do aluno como sujeitos históricos. Costin faz parte de um grupo de intelectuais que seguem a férrea doutrina do mercado, onde tudo vira capital, inclusive as pessoas. Não mais educação básica, direito social e subjetivo, mas escola fábrica de capital humano. Uma versão bastarda do ideário republicano de escola, como a define Luiz Gonzaga Belluzzo, em brilhante texto na Carta Capital de 29.08.2012. Esta visão bastarda de educação objetiva apagar qualquer senso crítico dos alunos. Trata-se de transformar, para Belluzzo, recorrendo a Marshall Berman, a ação humana em repetições rançosas de papéis pré-fabricados, reduzindo os homens a indivíduos médios, reproduções de tipos ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias.

Delegar à administradora esse setor vital da educação brasileira é declinar de todos os embates e propostas da educação, em contraponto às políticas neoliberais dos anos 1990.

Professores, pesquisadores, estudantes e suas entidades representativas vêm publicamente, protestar contra o arbítrio economicista, degradante e mutilador para a educação das gerações de jovens da educação básica que sua presença na SEB traria à educação básica, não apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas em todo Brasil. Cláudia Costin, NÂO!

Texto coletivo dos abaixo-assinados:

Dermeval Saviani –Unicamp

Mirian Jorge Warde – PUC-SP

Roberto Leher – UFRJ

Gaudêncio Frigotto – UERJ

Virginia Fontes – UFF/Fiocruz

Maria Ciavatta – UFF

Dante Henrique Moura – IFRN

Vânia Cardoso Motta – UFRJ

Eveline Algebaile – UERJ

Domingos Leite Filho –UTPr

Sônia Maria Rummert – UFF

Marise Ramos –UERJ e FIOCRUZ

Olinda Evangelista – UFSC

Domingos Leite Filho – UTPr

Laura Fonseca – UFRGS

Carmen Sylvia Morais - USP

Sônia Kruppa – USP

Para assinar o abaixo-assinado, clique aqui.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O que falta na educação ?

Nossas crianças do fundamental 

Dois terços das crianças matriculadas no 3° ano do ensino fundamental da rede pública não dominam o básico da matemática, ou seja, não sabem fazer operações simples de somar e subtrair. 

Já entre os alunos de escolas particulares, três quartos sabem o mínimo esperado de matemática. Estes dados sobressaíram da divulgação nesta quinta-feira, 25, do resultado da Prova ABC, que avaliou 6 mil alunos de 250 escolas públicas e privadas das capitais do país. 

Apenas um terço (32,58%) dos alunos da rede pública alcançou o índice que reflete o conhecimento esperado dos alunos do terceiro ano (crianças com idades por volta dos oito anos) segundo escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Por outro lado, 74,30% dos alunos da rede privada alcançaram o índice, mais que o dobro dos alunos da rede pública. 

Até cerca de 1860, não existia diferenciação de sapatos para pés esquerdo e direito. Os sapatos eram simétricos, ainda que, em todas as pessoas, os pés direito e esquerdo sejam diferentes entre si. Cabia aos pés do freguês “deformar” os sapatos para adaptá-los ao formato dos pés. Por isso as pessoas tinham tantos calos. Eram muitas batalhas diárias de pés macios contra couros duros. 

Em 2011, a educação brasileira está mais ou menos no mesmo estágio em que estava a indústria de sapatos até 1860. Não importam as preferências, pendores ou interesses dos alunos. Todos têm que estudar as mesmas coisas: basicamente matemática, língua, história e geografia. 

Daí para adiante ensina-se a mais, não o que os alunos desejam aprender, mas todos os tipos de matérias que os educatecas do Ministério da Educação (ou das secretarias estaduais de educação), que controlam a educação brasileira por teleguiado, desejam que eles aprendam. 

Além disso, em nome da participação social e da correção política, adicionam-se todos os tipos de matérias que interessam a grupos militantes de várias causas políticas, ideológicas, sociais ou que estão na moda, desde que os respectivos lobbies ou grupos de pressão tenham capacidade de influir sobre as autoridades para criar mais matéria inútil para as crianças, adolescentes e adultos. 

Não é de admirar, portanto, que os alunos saiam calejados e, de maneira geral incapazes de fazer o que gostam, ou o que o mercado demanda porque foram educados de acordo com critérios que não levam em conta nem os gostos pessoais nem as demandas do mercado. 

Conclusões, várias: 

1. Muita gente infeliz. 
2. Muita gente com dificuldade de arranjar empregos. 
3. Um excesso de informações sobre história de coisas que pouco interessam a qualquer pessoa, fórmulas que poucos sabem como e em que aplicar, leis de física e química que não levam ninguém a conseguir fazer nada de prático com elas, pois foram quase todas ensinadas fora de qualquer contexto. 

Assim, muita gente sabe calcular tensão superficial, mas não tem a menor noção de para que serve isso. 

A verdadeira educação profissional só começa na faculdade e, novamente, é definida por um conluio entre educatecas governamentais e lobistas de grupos de interesse que determinam o que deve ser ensinado a quem estiver interessado em exercer, direito, engenharia, arquitetura, meio ambiente, medicina, etc., para que possam tornar-se membros das ordens e conselhos, pagar anuidades e ter o direito de ganhar o dinheiro. 

Enquanto isso, os bem sucedidos (e viva eles) conseguem sucesso como empresários batendo com a cabeça na parede porque nada lhes foi ensinado sobre isso, fazendo sucesso como líderes de grifes, designers, conjuntos de musicais, atores, jogadores de futebol ou palhaços. 

Notem que todas as pessoas que ganham dinheiro com estas coisas citadas como exemplos no parágrafo anterior fizeram-no graças a uma habilidade inata ou preferida, seja como autodidatas, seja aprendendo seus ofícios fora das escolas que fazem parte dos sistemas formais de educação, que são, em boa parte, financiados com o dinheiro dos cidadãos que pagam impostos ou com mensalidades pagas pelos pais iludidos, para que seus filhos ganhem um diploma, ainda que aprendam, na realidade, muito pouca coisa útil na vida. 

Alguns exemplos para que pensemos um pouco se já não está na hora de derrubar os educatecas e cuidar de uma educação que combine a felicidade do educado com um pouco de criatividade socialmente útil. 

P.S. – Se somarmos todas as horas desperdiçadas tentando ensinar matemática, geometria, álgebra, física e química a um discalcúlico como eu, e tivessem deixado que eu gastasse mais do meu tempo lendo o que me interessava, estou seguro que seria uma pessoa muito mais feliz. Nada do pouco que aprendi de matemática, além de conversões de medidas e moedas (sétima série), me serviu de nada na vida. Nunca. Não contribuiu, nem para o meu sucesso, nem para a minha felicidade, tampouco contribuiu para a felicidade coletiva, como tenho certeza que fizeram Romário e Tiririca, jogando futebol e fazendo-nos rir. 

Anônimo - Via 3º. Setor

Texto retirado do jornal GAZETA VALE PARAIBANA - página 10

sábado, 10 de novembro de 2012

“A luta pelos royalties do petróleo não acabou”, diz Mercadante

Em cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro da Educação disse que a luta pela destinação integral dos royalties para a educação ainda não acabou. Ele ressaltou que o petróleo é uma riqueza não renovável, a que as futuras gerações não terão acesso. “O melhor legado que podemos deixar é um país plenamente educado, com professores bem pagos, com a valorização da docência, escola de primeira qualidade”, defendeu.

NAJLA PASSOS

Brasília - O ministro da Educação, Aloisio Mercadante, disse nesta quinta (8), durante o lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, no Palácio do Planalto, que a luta pela destinação integral dos recursos provenientes da exploração do petróleo para a educação ainda não acabou. “Nós vamos agora, junto ao Senado Federal, continuar lutando para que os royalties sejam destinados à educação brasileira”, afirmou.

De acordo com ele, a estratégia será acrescentar uma cláusula ao texto do Plano Nacional de Educação (PNE), que assegure o carimbo dos recursos. “A Câmara dos Deputados votou o PNE por unanimidade e estabeleceu que, em 10 anos, nós deveríamos dobrar os investimentos em educação, chegando a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Mas, até o momento, não temos uma fonte nova de financiamento capaz de sustentar essa meta ambiciosa”, justificou.


Há dois dias, a mesma Câmara aprovou, um novo modelo de redivisão dos royalties do petróleo, de autoria do senador Vital do Rego (PMDB-PB), que libera a aplicação dos recursos para áreas diversas. A medida desagradou ao governo que, por determinação da presidenta Dilma Rousseff, defendia a destinação integral dos royalties à educação.

Segundo o ministro, é impensável, na atual conjuntura brasileira, aumentar impostos ou cortar recursos de outras áreas - como saúde, segurança e investimentos - para financiar sua pasta. “É por isso que eu tenho muito orgulho de pertencer ao governo de uma presidenta que tomou a decisão histórica de financiar a educação a partir de uma riqueza nova que estamos descobrindo”, justificou.

Ele ressaltou que o petróleo é uma riqueza não renovável, a que as futuras gerações não terão acesso. “O melhor legado que podemos deixar é um país plenamente educado, com professores bem pagos, com a valorização da docência, escola de primeira qualidade”, defendeu. Mercadante reconheceu que o caminho para se construir um país mais justo e desenvolvido exigirá um compromisso de se aumentar os investimentos em educação. 

Em coletiva à imprensa, a presidenta Dilma afirmou que ainda não decidiu se irá ou não sancionar o projeto aprovado pelo Congresso. Segundo ela, assim que recebido, o texto será exaustivamente analisado por sua equipe. Só depois, a presidenta se pronunciará. “Eu seria uma pessoa leviana se, sem recebê-la, eu falasse sobre ela”, resumiu. 

Texto retirado: CARTA MAIOR

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Lúdico e a educação

O que é lúdico? 

O lúdico tem sua origem na palavra "ludus" que quer dizer jogo, a palavra evoluiu levando em consideração as pesquisas em psicomotricidade, de modo que deixou de ser considerado apenas o sentido de jogo. O lúdico faz parte da atividade humana e caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. 

Na atividade lúdica não importa somente o resultado, mas a ação, o movimento vivenciado. 

"O papel do lúdico na atividade pedagógica" 

A maioria das escolas tem didatizado a atividade lúdica das crianças restringindo-as a exercícios repetidos de discriminação viso-motora e auditiva, através do uso de brinquedos, desenhos coloridos, músicas ritmadas. Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que bloqueia a organização independente das crianças para a brincadeira, essas práticas pré- escolares, através do trabalho lúdico didatizado, enfatizam os alunos, como se sua ação simbólica servisse apenas para exercitar e facilitar para o professor , a transmissão de determinada visão do mundo, definida a priori pela escola. 

“É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda...” 

É papel da educação formar pessoas criticas e criativas, que criem, inventem, descubra, que sejam capazes de construir conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente o que os outros já fizeram, aceitando tudo o 
que lhe é oferecido. Daí a importância de se ter alunos que sejam ativos, que cedo aprendem a descobrir, adotando assim uma atitude mais de iniciativa do que de expectativa. 

Considera-se função da educação infantil promover o desenvolvimento global da criança; para tanto é preciso considerar os conhecimentos que ela já possui, proporcionar a criança vivenciar seu mundo, explorando, respeitando e reconstruindo. Nesse sentido a educação infantil deve trabalhar a criança, tomando como ponto de partida que está é um ser com características individuais e que precisa de estímulos, para crescer criativa, inventiva e acima de tudo crítica. 

Quando o aluno chega a escola traz consigo uma gama de conhecimento oriundo da própria atividade lúdica. A escola, porém, não aproveita esses conhecimentos, criando uma separação entre a realidade vivida por ela na escola e seus conhecimentos. 

A escola agindo desta forma estará comprometendo a própria espontaneidade da criança, que não se sentirá tão a vontade em sala de aula a ponto de deixar fluir naturalmente sua imaginação e emoção. 

A ação de brincar, segundo ALMEIDA (1994) é algo natural na criança e por não ser uma atividade sistematizada e estruturada, acaba sendo a própria expressão de vida da criança. RIZZI e HAYDT convergem para a mesma perspectiva quando afirmam: “O brincar corresponde a um impulso da criança, e este sentido, satisfaz uma necessidade interior, pois, o ser humano apresenta uma tendência lúdica” (1987 p. 14).

O lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas contribui para a aprendizagem da criança, como possibilita ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas. CUNHA (1994), ressalta que a brincadeira oferece uma “situação de aprendizagem delicada”, isto é, o educador precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que envolva em seu processo, ou do contrário perde-se a riqueza que o lúdico representa. 

Neste sentido é responsabilidade do educador, na educação infantil, ajudar a criança a ampliar de fato, as suas possibilidades de ação. Proporcionando à criança brincadeiras que possam contribuir para o seu desenvolvimento psicossocial e consequentemente para a sua educação. 

O lúdico enquanto recurso pedagógico deve ser encarado de forma séria e usado de maneira correta, pois como afirma ALMEIDA (1994), o sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantida, se o educador estiver preparado para realizá-lo. Sendo que o papel do educador é, intervir de forma adequada, deixando que o aluno adquira conhecimentos e habilidade; suas atividades visam sempre um resultado, e uma ação dirigida para a busca d finalidades pedagógicas. 

A educadora FERREIRO (19890, já apontava para a importância de se oferecer a criança ambientes agradáveis onde se sinta bem e a vontade, pois a criança deverá se sentir como integrante do meio em que está inserida. 

Conceber o lúdico como atividade apenas de prazer e diversão, negando seu caráter educativo é uma concepção ingênua e sem fundamento. A educação lúdica é uma ação inerente na criança e no adulto aparece sempre, como uma forma transacional em direção a algum conhecimento. 

A criança aprende através da atividade lúdica ao encontrar na própria vida, nas pessoas reais, a complementação para as suas necessidades. 

Edição: Filipe de Sousa

Texto retirado no jornal: GAZETA VALEPARAIBANA