segunda-feira, 28 de maio de 2012

A gentileza no nosso dia a dia...


Será que a vida moderna dificulta relações com gentileza, ou é possível ser uma pessoa ocupada, sem abrir mão da delicadeza no trato com o outro? 

Buscamos cada vez mais a interatividade, por meio do avanço tecnológico e do desenvolvimento da civilização. Passamos o dia inteiro conectados a pessoas das mais variadas localidades. Somos capazes de estabelecer contato com praticamente todos os cantos do planeta, a hora que quisermos. 

Porém, as relações interpessoais próximas parecem cada vez mais superficiais. Seguindo por este caminho, da distância e indiferença, palavras como cortesia, empatia e amabilidade parecem mais além da nossa realidade, dia após dia. 

Afinal, será que a vida moderna dificulta relações com gentileza, ou é possível ser uma pessoa ocupada, sem abrir mão da delicadeza no trato com o outro? 

Como ser gentil enquanto enfrentamos o trânsito caótico das grandes cidades e o dia-a-dia tão cheio de tarefas e obrigações? 

São tantos os motivos que podemos facilmente nos convencer de que a falta de cuidado com o próximo não é nossa culpa, assim como a forma como somos tratados. 

Estamos acostumados a ver a agressividade exaltada, considerada um meio indispensável para o sucesso, é elogiado o homem forte, o executivo agressivo, duro e arrogante. Será que essas atitudes conquistam a confiança alheia e o sucesso duradouro? 

O que acabamos esquecendo é que, antes de tudo, o ato de ser gentil beneficia, mais do que a qualquer outro, a nós mesmos. Uma teoria publicada pelo professor Sam Bowles, do Instituto Santa F é ( E U A ) ,  chamada de “sobrevivência do mais gentil”, afirma que a espécie humana sobreviveu graças à gentileza. 

Segundo Bowles, os grupos altruístas cooperam e colaboram mais para o bem-estar do próximo e da comunidade, a fim de garantir a sobrevivência. Outro estudo, realizado pela professora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, demonstrou também que a gentileza pode nos deixar mais felizes. 

Ela pediu a um grupo que praticasse atitudes gentis durante dez semanas, e verificou que a felicidade  aumentou consideravelmente no período do estudo. 

Gentileza significa uma boa educação emocional, aprendida e desenvolvida em todos os ambientes que convivemos. É o bom tratamento, uma qualidade ou caráter de alguém nobre, generoso, que ajuda a manter e fortalecer os laços entre as pessoas. 

As pesquisas nos mostram que ser gentil tem uma finalidade pessoal e coletiva, é a prova de que quando tomamos atitudes em prol do outro, automaticamente, e muitas vezes sem perceber, recebemos de volta o bem que fizemos. 

A teoria do professor Sam Bowles pode ser demonstrada por brigas no trânsito, por exemplo, em lugares com uma concentração grande de pessoas, onde vidas se perdem pela simples falta de compreensão com as atitudes alheias. 

Vivemos na defensiva, temendo que os outros possam nos machucar. Mas há diversas formas de se comprovar que atitudes mais solícitas e gentis só tendem a melhorar a qualidade de vida e as relações interpessoais. 

Sabemos, também, que só temos a ganhar quando privilegiamos a gentileza, ao invés da brutalidade e ignorância. A grande característica da gentileza é que ela está presente, na maioria das vezes, nas atitudes cotidianas e simples. 

Ouvir mais, por exemplo, ser paciente, justo e solidário, são atitudes simples, mas importantes para tornar-se uma pessoa mais próxima perante o outro. Estimular a amizade pode ser uma forma de se exercer a generosidade e a gentileza. 

O que nunca devemos nos esquecer é que o poder de modificar aquilo que nos cerca está dentro de nós, a parte mais importante do trabalho acontece no interior do nosso ser, purificando nossos corações. 

Somente nós mesmos transformaremos nossas vidas em existências mais dignas, plenas e verdadeiras. 

Da redação

Texto retirado do jornal: Gazeta Paraibana

terça-feira, 22 de maio de 2012

PAIS EDUCADORES


1) Atualizem -se e estudem com seus filhos. Estimulem-nos a ter seu horário de estudo em casa. A ter disciplina.

2) Perguntem sempre: o que vocês aprenderam na escola, hoje? Seu filho(a) vai ter que prestar atenção e cumprir com as tarefas escolares para responder, isto vai ajudá-los a não participarem de confusão.

3) Dê o exemplo. Mostrem como é legal ler e estudar. Leiam o que eles leem na escola.

4) Leiam para eles. Esse simples ato evitará a dificuldade de quem ainda está aprendendo a ler.

5) Descubram se seus filhos tem alguma dificuldade de relacionamento na escola. Incentivem- nos a ser simpáticos, fazer amigos, admirar seus professores, aprender a valorizar um profissional.

6) Vão a todas as reuniões de pais e mestres. Participem e dêem a sua opinião.

7) Informem -se sobre os problemas da escola: há professores que faltam demais?

8) Façam elogios sinceros e reconheçam o potencial de seu filho ou filha.

9) Jamais permitam que os filhos abandonem os estudos ou faltem às aulas sem precisar.

10) Acompanhem a ficha avaliativa dos filhos e comemorem os avanços! O importante é que eles se sintam valorizados.

11) Conversem com os dirigentes escolares e participem do Conselho Escolar.

12) Dar uma Educação de Qualidade, para cobrar uma educação de qualidade da escola, isto é papel dos pais.

Texto retirado no :Gazeta Valeparaibana

terça-feira, 15 de maio de 2012

RESPONSABILIDADE SOCIAL


Genha Auga - Jornalista MTB: 15.320


Emília sempre comentava nos intervalos para o café que sua maior alegria, seria ver o filho, Alfredo, entrar na faculdade. Um dia, chegou feliz com a notícia do sonho realizado, Alfredo entrou em uma faculdade particular e esperava ansiosamente pela barbárie do trote a que se submetem os alunos hoje em dia - “bullying” permitido. E assim foi...
Volta e meia, Emilia demonstrava sua preocupação com Alfredo. Percebia que o filho estava mais voltado às baladas e bebedeiras com a turma, emendava tantos feriados que aulas mesmo eram bem poucas. Embora preocupada, foi convencida pelo filho que era difícil essa vida de trabalhar e ficar debruçado nos livros – tinha que se divertir.
Os professores, Ah! Queriam ensinar e não conseguiam manter os alunos em sala de aula. Futuros ídolos que só queriam mesmo brilhar, brilhar!
Passados os quatro anos tão “penosos” para esses universitários, chegou finalmente o tão esperado dia da formatura. E lá estava Emilia às voltas com a comemoração. Contava para todos onde seria a festa; num lugar lindo, muitas luzes, músicas, muita alegria. Todos se formaram! Afinal, o que importava era o filho receber o tão esperado “canudo” - mesmo que com a mente vazia.
Durante esse tempo, não vi Alfredo levar uma vida dura de estudante universitário e sim Emília, trabalhando muito nesses anos todos para pagar a faculdade sempre tão cara e agora para dar um carro ao filho como prêmio pelo esforço. Afinal, como ele sempre dizia à mãe; estudar cansa, estressa.
Mediante este fato que nos dias atuais se repete, reflito sobre esse produto final que é o ensino, tão esvaziado de conhecimento, num país que galga a passos largos a escada da corrupção e atolado na ignorância; vejo um futuro ameaçador para nossa descendência.
Sim, isso mesmo, filhos e pais de universitários! Pois as consequências dessa educação que se expande por esse Brasil afora, será para todos nós, seremos destruídos por essa falta de responsabilidade social.
Mesmo que vocês, “Emilias e Alfredos”, não concordem!



sábado, 12 de maio de 2012

CERTO igual a ERRADO?

À primeira vista pode parecer um problema matemático, um paradoxo ou algo assim, mas trata-se, pura e simplesmente de uma maneira de exprimir aquilo que temos visto ultimamente, ou porque sai na mídia ou porque vivenciamos. 
Estamos inseridos numa sociedade que o bem é tido como mal, o certo como errado, valores morais como cerceamento de direitos. Parece-nos pura hipocrisia. Professores são chamados à fala para se explicarem porque exigem que os alunos façam sua lição de casa, diretores são investigados porque exigem que alunas ou alunos venham devidamente vestidos para a escola. 
De certa forma, escrevendo esse artigo, me vem à memória que o povo e consequentemente seus dirigentes, rezam a mesma cartilha, ou seja, fazemos aquilo que ambos queremos. 
O que dizer de uma sociedade que dá ibope para o programa BBB, famoso por apresentar casos onde a libidinagem e promiscuidade são os únicos fatores norteantes? 
Recentemente vimos na mídia o caso de uma Diretora de escola ter sido chamada às falas pela Secretaria de Educação paulista pelo simples fato de ter exigido que suas alunas viessem decentemente vestidas para as aulas. Já outra diretora, foi afastada da escola por cobrar o Estado que concluísse a reforma em sua escola, que já perdurava 3 anos. Incrível! 
O mais interessante é que tudo está na mídia. 
No caso da diretora afastada, para piorar a dirigente daquela diretoria não soube se explicar e também não permitiu vistas ao processo de afastamento da Diretora alegando que o mesmo é confidencial. Houve até uma sessão pública a qual ela não compareceu, ou seja, desmandos, pouco caso, inescrupolosidade. A Secretaria de Educação perde seu precioso tempo com casos que não são problemas, enquanto arruma mais problemas criando casos. Isso é apenas a ponta do iceberg, pois o tamanho da coisa é bem maior. Tão recente quanto aos fatos acima, temos um outro em que uma mãe vem se debatendo entre e-mails para Ouvidoria e, não tendo sido aceitas em suas propostas, enviou e-mail para a própria Secretaria de Educação e, recentemente enviou um e-mail para a Corregedoria. 
Ela simplesmente quer que uma Diretora da escola se retrate, simplesmente porque seu filho foi advertido por ter entrado no banheiro das professoras, detalhe é que seu filho nem estuda mais naquela escola. 
Repetimos: A Secretaria de Educação e a Ouvidoria perdem tempo com isso tendo tantos outros problemas mais urgentes para serem tratados. Não bastasse o dia a dia de professores, funcionários e diretores ainda se perde tempo em responder à essas demandas as quais chamamos de “non sense”,pois consideramos realmente sem sentido uma Secretaria de Estado, no caso da Educação preocupar-se com demandas na esfera regimental da escola, ou permitir que seus Dirigentes se imponham autoritariamente sem explicações convincentes. 
Será que os senhores burocratas da educação não conhecem o regimento interno de uma escola? 
Regimento este que, aliás, foi aprovado por uma Diretoria de Ensino?
Será que os senhores burocratas da educação querem mostrar, aos olhos daqueles pais, que provavelmente, acham que seus filhos e filhas que ir à uma escola para mostrar seus dotes físicos seria o correto? 
Custa-nos crer nisso. Mas, voltando ao pensamento anterior onde o BBB é um dos programas mais vistos na televisão brasileira, não fica tão difícil assim acreditar nisso. 
Vivemos uma triste inversão de valores de uma sociedade onde a justiça não mantém o bandido preso, onde a polícia que deveria proteger o cidadão, só o faz quando se vê suas entranhas fétidas ficarem à mostra, onde políticos eleitos pelo povo, inclusive professores, pleiteiam manter os salários desses mesmos professores que os elegeram num patamar de quase miséria, haja visto que não querem aplicar a lei do piso.
Não que a lei do piso resolva em definitivo o problema salarial do professor, mas ao menos minimiza. Esquecem-se os políticos de que, se sabem ler, escrever, fazer contas, aquelas contas de somar que usam para somar aos seus polpudos salários, inúmeras gratificações e verbas de todos os naipes, esquecem que foram os professores que deram à eles ferramentas para progredirem e agora se voltam contra nós, e nesse momento sentimos o arrependimento de tê-los ensinados. 
Fica quase claro e notório aos nossos olhos, que exigir dos Diretores de escola, professores e funcionários que peçam desculpas aos pais por tentarem dar aos seus filhos aquela educação que, infelizmente, eles pais, não estão dando é algo surreal. Torna-se ainda óbvio que, num ano político, eles, nossos burocratas da educação, escolhidos por concordarem com a política educacional de um partido ou outro, preocupados com seus traseiros gordos e achatados de tanto ficarem sentados numa confortável cadeira de escritório, estejam de fato preocupados. 
Não com os pais, ou com a educação no Estado, mas sim preocupados em manterem suas posições confortáveis dentro de um escritório com ar condicionado, longe do ambiente escolar, onde os problemas pululam. 
Sob o pretexto de não ser exigido uniformes nas escolas estaduais de São Paulo, pais permitem que seus filhos venham à escola como se fossem vestidos para uma balada ou para um evento qualquer. 
É bem verdade que ser trata, talvez de uma minoria, mas que se vale de “direitos” ou daquilo que lhe interessa na lei para se desobrigarem da educação dos filhos sem perceberem do mal que estão causando aos filhos, mas como diz o ditado – Cada cabeça uma sentença.
Seria uma reedição, nesse caso, da famosa história do Médico e o monstro? 
Será que, nós professores, deveríamos ser mais permissíveis, fazermos vistas grossas? 
Como diriam os alunos: - Deixar rolar? Não sei.
Mas, com certeza, é desgastante, estressante mesmo, ver essa inversão de valores onde o certo é tido como errado. Onde os professores são colocados contra a parede, tendo como seus algozes os próprios pais. 
Triste fim, e não é de Policarpo Quaresma que estou falando, mas o fim de uma nação que tendo dormido em berço esplêndido por tanto tempo, acorda agora para a realidade nua e crua de uma sociedade acostumada ao paternalismo dos governos e suas corriolas que para se manterem no poder são capazes de devorarem a própria perna. 

Omar de Camargo
Técnico Químico Professor em Química
Pós-Graduado em Química
omacam@professor.sp.gov.br

Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo.
Professor de Geografia na Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
Professor do curso de Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo.
Palestrante e consultor nas áreas de Meio Ambiente e Educação.
icguedes@professor.sp.gov.br

quinta-feira, 10 de maio de 2012

SEMENTE DO FUTURO

Genha Auga – Jornalista MTB 15.320
       


Mostre a sementinha para uma criança e explique sua função...

Certamente ela a colocará na terra e com encantamento a verá brotar, cuidará dela, acompanhará seu crescimento, aproveitará sua colheita, entenderá o que representa essa pequena vida e sua importância para o desenvolvimento do ser humano.
Explique-lhe sobre o lixo e ela dará o destino certo a ele separando-o adequadamente.
Mostre maneiras simples de viver a vida e, naturalmente, excluirá os shoppings, televisão, computadores do confinamento tecnológico e consumista a que está submetida.
Leia junto todos os dias com a criança e ela gostará de poesias, se distrairá com histórias e não com supérfluos. Ensine-a comer e sentirá, com prazer, o sabor da comida.
Deixe-a ter vida de criança e se tornará um adulto consciente e responsável. Sem infância, será “criança grande”, exigente, carente, insegura e os pais, geralmente ausentes, indiretamente, a tornará vulnerável aos apelos avassaladores da vida.
Os adultos querem salvar a Terra dos males que causaram a ela, mas são escravos do próprio corpo e do que tem. Querem viver cada vez mais, porém, não sabem o que fazer com seu próprio lixo, não se respeitam e não tem limites. Vivem discursando que não fazem nada de mau, mas não conseguem fazer o bem.
É necessário treinar o olhar para desenhar o futuro de uma criança e ela poderá contribuir para a preservação da natureza.  Aprendendo, ela será o exemplo e cobrará atitudes dos seus governantes e de seus pais.
Precisamos de uma nova geração, que cause impactos, mostrando caminhos para a prática de medidas satisfatórias e que resultem em mudanças que assegurem a preservação do meio ambiente. Dê a criança doses de atitudes ao longo da vida e irão tirar da caldeira nossa fauna e flora e a esperança se renovará a cada dia.
Mudando hábitos, encerraremos esse ciclo que é uma máquina de moer gente, pois a Terra, ao contrário do homem, não morre, recupera-se. Essa é nossa esperança para acabar com a “política hipócrita” que tenta impedir o verdadeiro equilíbrio da natureza com atitudes imediatistas que visam apenas o lucro, sem medir consequências.
Hoje, a humanidade está tomada pelo medo do que vem pela frente.
O futuro, minha gente, é para se esperar e não para se temer.

domingo, 6 de maio de 2012

Bibliotecas !!!


Pegar um livro e abri-lo guarda a possibilidade do fato estético.
O que são as palavras dormindo num livro?
O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente.
O que é um livro se não o abrimos?
Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos acontece algo especial, creio que muda a cada vez.


Jorge Luís Borges


Pensar sobre a importância da biblioteca escolar hoje para o processo de ensino-aprendizagem constitui repensar a própria prática de leitura na escola. Isso porque sabe-se que a biblioteca guarda os mais diversos tipos de livros e que, teoricamente, estão todos à disposição do aluno sempre quando precisar. No entanto, não é isso que de fato acontece. No cotidiano escolar, percebemos a pouca (ou nenhuma) utilização da biblioteca como espaço educativo e informacional que promove leituras, análises, debates e encontros entre livros e indivíduos. A biblioteca, não raras vezes, é palco de punições. Basta um aluno atrapalhar a aula de um professor que logo é enviado, sem aviso prévio, à biblioteca ou à sala de leitura. Por isso, é de suma importância que repensemos o papel da biblioteca dentro da escola e sua significação. 

Antes de qualquer proposta que leve os educandos a frequentar a biblioteca escolar, é preciso pensar nos principais problemas que dificultam essa prática. São eles: 

1º) O espaço físico - não raras vezes a biblioteca fica num canto escondido da escola. Um local pouco arejado, úmido, mal-iluminado, desconfortável e apertado. Para agravar a situação, muitas escolas dissociam a sala de leitura da biblioteca, apresentando-as como lugares distintos, quando deveriam estar num único espaço. Nesse sentido, a biblioteca em si não passa de um "depósito de livros". 

2º) O acervo - geralmente desatualizado; os livros que se encontram na biblioteca diversas vezes estão em péssimas condições de uso. Muitos são doados pelos próprios professores que, querendo se livrar do "entulho", depositam-nos como doação. A falta de recursos para a compra de livros de qualidade contribui para a estagnação e o empobrecimento do acervo. 

3º) Organização do acervo - a catalogação do acervo acontece de forma confusa, desorganizada e difícil. O sistema de números e letras dificulta o acesso ao objeto de pesquisa não só para o usuário como para o próprio profissional da biblioteca. Um catálogo mal-organizado e com classificação obscura colabora para a falta de interesse dos usuários pela biblioteca. A verdade é que muitas bibliotecas nem têm seu acervo arquivado de forma que permita a pesquisa dos usuários. Algumas escolas anotam seu acervo num velho caderno que só pode ser consultado pelo próprio funcionário da biblioteca para procurar o material solicitado. Dessa forma, o material não pode ser manuseado pelos usuários. Ou seja: não é permitido fazer descobertas no acervo. 

4º) Empréstimo de material - algumas bibliotecas não adotam o sistema de empréstimo, permitindo apenas a consulta do material no local. Alegam que os alunos danificam os livros, arrancam folhas, rabiscam, demoram a devolver ou não devolvem o material. Por conta disso, não ocorre o sistema de cadastro e empréstimo de material do acervo. 

5º) Horário de funcionamento - deparar-se com a biblioteca trancada não é pouco comum. O horário de funcionamento nem sempre condiz com os horários que professores e alunos podem e desejam utilizá-la. O fato é que o horário da biblioteca fica a cargo do horário da pessoa que lá trabalha. 

6º) Profissional encarregado da biblioteca - infelizmente o que se vê são muitos professores em fim de carreira ou com problemas de saúde encostados nela. Assim, na biblioteca encontram-se muitos profissionais que precisam de um lugar tranquilo, silencioso e vazio para passar os últimos dias, meses ou anos de suas vidas profissionais. Por isso, esses educadores preferem manter a ordem, o silêncio sepulcral e a disciplina no local. O pouco ou nenhum contato com o usuário é, assim, almejado; quando acontece, é frio, técnico e monossilábico. Às vezes, é adotado um sistema de empréstimo no qual o usuário solicita o livro por meio de um envelope. No dia seguinte ao pedido, o bibliotecário, em vez de orientar o consulente, deposita o pedido no mesmo pacote para que o usuário receba sua encomenda. A relação usuário-bibliotecário, nesse sentido, acontece também de forma impessoal. Outro ponto importante a se ressaltar é a condição desse profissional: não-leitor e não-incentivador da prática da leitura no local. 

7º) Utilização da biblioteca escolar - é válido atentar para a falta de planejamento pedagógico, de projeto que integre a biblioteca ao projeto político-pedagógico da escola. Muitas vezes os usuários reduzem-se a alunos que vão ao local tão-somente para copiar verbetes de grandes enciclopédias e dicionários antigos e empoeirados. Quando a pesquisa na biblioteca não tem como base a cópia, o lugar é mal-utilizado, servindo como local de descanso ou conversa de alunos ou, o que é pior, como espaço de punição. 

Alguns professores exigem que os alunos que não estão em sala de aula sejam castigados na biblioteca. Essa postura contribui para fazer da biblioteca a grande vilã da escola. 

Direitos imprescritíveis do leitor 

Também devem ser considerados os direitos do leitor, que, segundo Daniel Pennac, são os seguintes: 

1) O direito de não ler. 
2) O direito de pular páginas. 
3) O direito de não terminar um livro. 
4) O direito de reler. 
5) O direito de ler qualquer coisa. 
6) O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível). 
7) O direito de ler em qualquer lugar. 
8) O direito de ler uma frase aqui e outra ali. 
9) O direito de ler em voz alta. 
10) O direito de calar. 

Assim, são imprescindíveis atividades como contação de histórias, rodas de leitura, cirandas, concursos de poesias, contos e crônicas, encontros com escritores, ilustradores e especialistas em literatura. É importante também levar os alunos a visitar bibliotecas públicas e livrarias. Isso possibilita a reflexão acerca da organização do acervo, da multiplicidade de autores e estilos e do zelo pelo material da biblioteca, bem como a conduta de liberdade e respeito dentro dela. 
 
Liberdade para fazer encontros entre leitores e livros, gostos e desgostos. Respeito, traduzido em cuidado, com os livros e com o espaço da biblioteca, a fim de deslegitimar questões como o empréstimo de livros. 

Da redação