quarta-feira, 23 de março de 2011

Cadê os interessados na Educação Pública?

Por Antônio Carlos Vieira


 Quando da realização do CONAE (Conferência Nacional da Educação) fui delegado e participei da seccional ocorrida na Cidade de Santo Amaro-SE.
Antes de me dirigir ao local pensei que o encontraria repleto de professores, pais de alunos e representantes das instituições ligadas a educação. Foi então que tive uma grande surpresa! Chegando no local não havia tumulto e nem havia tantos professores assim.
Para se começar qualquer conferência é necessário se aprovar o Regimento Interno e para isso é necessário a aprovação de 50% + 1 votos dos delegados presentes. A conferência começou atrasada por não haver delegados suficientes  presentes (haviam 94 inscritos) para aprovação e foi necessário se esperar a chegada de mais delegados para que a aprovação fosse de acordo com que preceitua a lei. Depois de aprovado o Regimento Interno, inciou-se as atividades com mais de uma hora de atraso.

Como se tratava de uma conferência para realização e determinação das diretrizes que deveriam serem cobradas dos nossos representantes no Congresso Nacional, em Brasília, eu pensei que haveria uma grande movimentação por parte de professores, pais de alunos, representantes da Sociedade Civil e representantess das instituições ligadas a educação!!!
Todos reclamam que a educação vai de mau a pior e quando tem algum evento para se discutir e elaborar algum plano ou projeto sobre a educação a participação e mínima (na minha opinião falta de interesse).
Apesar da pouca presença, a conferência foi uma verdadeira aula de pedagogia e mostrou o que pensa os diversos segmentos da sociedade, de como anda e o que desejam da Educação Pública. Onde estavam os coordenadores pedagógicos, diretores de escolas e coordenadores que são as pessoas que decidem e administram nossas instituições? Se são eles que tomam as decisões deveriam ser os primeiros a mostrar interesse pelo assunto!
Sempre discuto com esses pedagogos porque a educação vai bem ou mal e percebo que muitos desconhecem as exigências e dificuldades daqueles que se utilizam do Ensino Público . Inclusive, encontro muito deles defendendo a utilização dos chamados pacotes (clique aqui).
Acredito que essa falta de interesse por parte dos que administram ( pedagogos e professores principalmente) o Ensino Público é em decorrência deste Cargos Administrativos serem escolhidos por critérios políticos e não técnicos. Não acredito que o Ensino Público vá melhorar só por colocar em funcionamento a Gestão Democrática mas, uma coisa eu tenho certeza, diminuiria a incidência dessas pessoas que trabalham em cargos e que nunca vão discutir com o público que utilizam estas instituições e mostram claro desconhecimento dos problemas relacionados.
Claro que isso esbarra no interesse políticos que negociam os cargos de confiança e colocam pessoas de seu interesse e não do interesse dos usuários que se utilizam da coisa pública. É bom lembrar, existem mais de dois mil Cargos de Confiança na Rede Pública de Ensino do Estado (SE) e não acredito que os políticos irão abrir mão das negociações políticas (negociação de cargos de confiança) e aprovem a Gestão Democrática. Para isso, seria necessário uma grande pressão dos diversos setores da sociedade e pela participação demonstrada na Conferência isto está muito longe de acontecer!!!


TEXTOS RELACIONADOS:
Cadê os interessados na Educação Pública?
Cadê os interessados na Educação Pública? II


4 comentários:

  1. Enquanto as escolas forem administradas por pessoas nomeadas por politicos será cada vez
    pior, pois os politicos escolhem os piores administradores que são os seus amigos, aqueles que nunca fizeram nada, pois vivem as custas dos
    onohararios públicos. Mas para esses politicos quanto pior melhor.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Prof. Antônio Carlos:

    Suas considerações circunscrevem, concisa e claramente, a forma como encaramos (nós, cidadãos) a coisa pública. Infelizmente essa parece ser a tônica que vigora em nosso sistema educacional: a falta de interesse por parte de muitos daqueles que são os principais atores do processo educativo, a saber: professores, alunos e pais de alunos. Como se não bastasse o descaso, a falta de vontade política dos nossos administradores!!! Se não resgatarmos nossa a autoestima, se não recuperarmos nosso prazer em "fazer-valer" a educação, se não renovarmos nosso entusiasmo e motivação em aprender, ensinar e participar dos processos educativos em geral, se não... o que será? Não podemos deixar que interesses "político-privados" - na maioria das vezes escusos e pouco produtivos do ponto de vista público, obviamente - suplantem os interesses de cunho popular, democrático, em suma, os verdadeiros interesses políticos (aqueles que dizem respeito à "polis", ao cidadão, ao uso adequado da "coisa pública"). Portanto, permaneçamos na luta (a despeito mesmo da resistência de nossos compaheiros) e convoquemos sempre colegas educadores/professores, alunos, pais, representantes da sociedade civil organizada, a participarmos, juntos, da "Revolução Educacional Brasileira"!!! Insistamos e façamos a nossa parte - talvez nossa ação formadora e mobilizadora (há quem assuma, de fato, o paradigma da educação política: "formar cidadãos críticos, conscientes, etc, etc.")possa sensibilizar os que ainda são tímidos, desinteressados, de mentes estreitas, fechados em seus "mundinhos", alheios a si mesmos e aos outros. Enfim, para uma mudança radical é necessário que todos se envolvam - "todos pela Educação!!!" (sem demagogia).

    ResponderExcluir
  3. Olá, Antônio Carlos.
    Todos nós (professores, pais, alunos e autoridades competentes) temos alguma parcela de culpa pelo fracasso da educação brasileira. Mas, essencialmente, boa parte dos "educadores" necessitam "encarnar" sua função dentro de uma sociedade, qual seja conscientizar-se para conscientizar os educandos.
    Desculpe-me, mas não me espanto com essa situação por você relatada. É o retrato existente, infelizmente. Boa parte dos professores (e tem que existir) só pensa e só discute e só participa e só se envolve quando o assunto é salário. Vivencio essa realidade: quando se conbra envolvimento com projetos, por exemplo, ou outros tipos de envolvimento ligados à melhoria da educação, poucos se envolvem. Como melhorar essa situação?!

    ResponderExcluir
  4. Ah! Já corrigi sua observação no meu blog.
    Abraços!

    ResponderExcluir